Capriccio Stravagante

Este é um sítio de celebração da música(e outras artes) de todas as épocas, estilos e culturas. Não pretende como é óbvio ser exaustivo mas sim um estímulo à reflexão e descoberta.Todos estão convidados a participar podendo enviar os textos por email ou simplesmente comentar os existentes!

quinta-feira, julho 16, 2009

A. Vivaldi - "La Folia"

Ensemble Barroco do Chiado
Álvaro Pinto e Amelia Roosevelt, violinos
Katie Rietman, violoncelo
Marcos Magalhães, cravo

quarta-feira, março 18, 2009

Slumber my darling

Simplesmente para ouvir.
19 de Março de 2009.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Mullova's baroque

Quem julga que o universo "autenticista" da interpretação da música barroca deve ser apenas para os "especialistas" desengane-se! Victoria Mullova, nas suas mais recentes abordagens, não opta só por munir o seu assombroso Stradivarius de cordas de tripa e de utilizar arcos barrocos. A interpretação tanto a nível técnico como musical, deixa-nos perceber a sua versatilidade e como esta a leva muito para além do musicalmente correcto e de qualquer estereótipo.
Escutem o "sample" e divirtam-se!!

quarta-feira, outubro 22, 2008

"África minha?"


Vou-vos contar uma pequena história.
É a história de uma cadeira, daquelas de praia que se encolhem e se levam para todo o lado. Pois bem, essa cadeira vivia num sítio em Moçambique junto ao Maputo chamado "Catembe". Para se chegar lá, basta apanhar o barco que atravessa o rio. O barco faz essa travessia há já algumas décadas mas a cadeira, essa é bem mais velha que isso. Durante 50 anos ou mais serviu de abrigo a um homem que em quase todos os finais de tarde nela se sentava com uma "Laurentina" na mão e ali ficava, sem pensar em grandes coisas, apenas a respirar o ar quente Africano ou a apreciar a linha traçada no horizonte pelo laranjal que ele próprio tinha plantado e que ainda hoje é visível no Google Earth. Um "belo dia", essa cadeira teve que empreender a sua primeira e última viagem . Veio para Portugal na companhia do homem a quem pertencia e que não teve coragem de se separar dela. Com a cadeira veio também um punhado de terra vermelha que ele depositou no quintal mal cá chegou. No mesmo dia, já ao pôr do sol(outro)abriu a cadeira e nela se sentou a olhar o horizonte. Naquele momento descobriu que o laranjal apenas se adivinhava no horizonte e o ar já não era quente e húmido. Os pulmões estranharam e a cadeira também porque sentiu que o seu coração já não batia da mesma maneira. De repente, a cadeira percebeu que aquele corpo que nela se apoiava oferecia agora mais resistência, era mais pesado que o costume ( talvez o peso do vazio). Quando finalmente viu que estava sozinha, perguntou-se a si mesma:
- Então e agora, velha cadeira, queres regressar ? -e pensou-Que importa isso agora?

sábado, setembro 29, 2007

Callas - Vida e arte


Maria Callas é daqueles mitos do qual muito pouco ou nada ficou por dizer. Desde as especulações dos média sobre a sua vida privada e artística especialmente após o seu envolvimento com o grande magnata grego Aristotoles Onássis até às críticas mais ferozes de performances menos felizes, tudo contribuiu para lançar o grande soprano para as luzes da ribalta do canto lírico.
Se é verdade que falar de Callas significa na maior parte das vezes a associação quase inevitável da vida privada com a carreira artística da grande diva, também é verdade que cair nessa tentação tende a reduzir irremediavelmente a sua dimensão enquanto intérprete.
Apercebi-me disso recentemente quando tive acesso pela 1ª vez a alguns registos audio realizados aquando das masterclasses que Callas deu em Nova York entre 1971-72. Nessa altura, com a voz cansada e destreinada, fruto da longa retirada que se tinha já verificado dos grandes palcos, Callas nem por isso abdica do mote que norteou toda a sua carreira interpretativa e que tanto captivou o público-uma total e incondicional entrega à música e ao seu contexto dramático, às personagens e à Ópera no seu todo. E escrevo ópera com maiúscula porque era assim que Callas via a mais sublime de todas as artes.
Nessas masterclasses (editadas pela EMI e que recomendo vivamente), Maria Callas raramente fala de técnica, remetendo as aulas para aspectos mais ligados à expressão dramática, ao texto(sempre o texto), à intensidade do gesto - "don't think about the notes now, just let your self go... sing with passion! "
Pode não se gostar do seu timbre algo raro, pode até dizer-se que a afinação nem sempre era perfeita, mas quantos sopranos se contam hoje em dia que se entreguem à sua arte com a mesma intensidade e veracidade?
Link:
http://www.callas.it/english/home.asp

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